sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

COMENTÁRIO DE ARNALDO SILVA

(paisagem dos açores. Também é bonito)


COSTELETAS" de Outrora

O tema que o "costeleta" Brito traz hoje aqui provocou, trazidas do recôndito da minha memória, muitas emoções, pelos mais variados motivos, mexendo com evocações e constatações que, não obstante a sua variedade, vou concretizar em dois tipos.Obviamente, afloraram de imediato todos os rostos , simpáticos, afáveis, camaradas e sorridentes das "costeletas" que comigo conviveram naqueles tempos de Escola.

Com os mesmos rostos vieram também, em torbilhão, todas as recordações que o saudável convívio proporcionou. A questão é que, nos últimos três anos em que estudei na Tomás Cabreira, tive o privilégio de fazer parte de turmas mistas.Naturalmente que o convívio em turmas mistas, na força do despontar da adolescência, despertava não apenas o prazer da convivência com os elementos do sexo oposto mas também as primeiras batidas de corações em paixonetas incontroladas.

Evocar esses sentimentos , cinquenta anos volvidos, sabe bem.Soube bem!Mas, a visão das "costeletas" de outrora, despoletou ainda um outro tipo de emoção. A emoção provocada ao verificar a alteração - devia dizer, evolução? - dos costumes e dos comportamentos sociais a que assisti nestes meus sessenta e quatro anos de existência .Vocês, "costeletas" de aqueles tempos, lembram-se de uma proibição emanada da Digníssima Direcção da nossa Escola que impossibilitava a entrada de alunos e professores pelo mesmo portão?! Então devem lembrar-se, igualmente, daquela determinação, da mesmíssima Direcção, que forçava a entrada das "costeletas" por uma porta da Escola e a dos seus colegas por uma outra, que se quedava "a milhas" de distância da porta delas.

E foi aqui, ao lembrar-me destas determinações, que a comparação dos comportamentos sociais provocou um outro tipo de emoções.Para avaliá-las, atente-se na postura e nas manifestações de dois quaisquer adolescentes de hoje, num qualquer átrio de uma qualquer Escola actual deste país, durante um "furo" ou aguardando o "toque de entrada".Novos tempos! Outros tempos!Será motivo para ter pena de se haver nascido há tanto tempo?!

Arnaldo silvaFelizmente reformado

CRÓNICA DO COSTELETA ARNALDO SILVA


COISAS DE VELHOS "COSTELETAS"

Em tempos que já lá vão, tempos que ficaram pra trás há quase um longo meio século, a educação da juventude era ministrada de forma bem diferente daquela a que hoje assistimos. Melhor ou pior é coisa que não discuto. Não porque não gostasse de o fazer ou porque o assunto não me interesse. Nada disso! Apenas porque não é esse o meu propósito ao redigir estas linhas.

Educação bem espartana levada a cabo pelos progenitores de então, incutia nos educandos um sentido de dever, gerava nestes um peso de obrigatoriedade de cumprir as ordens recebidas e, talvez o pior do sistema, criava um medo/pavor das consequências aquando de um qualquer incumprimento.

No final do último ano lectivo em que passei pelos bancos daquela Escola, um "costeleta" amigo 'viu-se forçado' a ter que deixar uma disciplina para fazer exame em "segunda época".

Pai severo, de imprevistas reacções face a tal acontecimento, foi do mesmo omitido aquele facto. É evidente que o amigo "costeleta" pensava aplicar-se no estudo da disciplina em falta, durante o período das férias. Porém, pelo sim pelo não, "não fosse o diabo tece-las", receando encontrar-se face a um ciclópico trabalho, chegou à brilhante conclusão de que, com a ajuda de um outro "costeleta" que já "tinha a disciplina e o curso no papo", seria mais fácil levar a missão ao sucesso.

Mas como obter o concurso de um amigo se o pai severo não lhe permitia o devaneio de poder convidar alguém para sua casa e, muito menos, não lhe permitia deixar o seio da família para fazer férias fora de casa?!

Mais uma nova e brilhante idéia iluminou então o universo da capacidade criativa daquele nosso amigo!
Como o pai severo era proprietário de uma vasta herdade que, entre outras coisas, produzia muita amêndoa, aquele amigo conseguiu convence-lo de que um par de mãos a mais, para ajudar na apanha e descasque, seria sempre bem-vindo, até porque não custaria mais do que o prato da comida e é sabido que "de onde comem seis, também podem comer sete". Argumento de peso! Irrefutável, mesmo!
Anuência dada, foi-me dado o privilégio de passar umas três semanas de férias diferentes que, felizmente, culminaram no êxito do exame em "segunda época" daquele bom amigo "costeleta".

Outros tempos...

Arnaldo silva
Felizmente reformado