terça-feira, 18 de março de 2008

UMA AULA DO Dr. UVA

(As Hortas do Patacão)
Ao Romualdo Cavaco, grande camarada amigo..

Nas aulas do Dr. Uva, que lá na Escola Comercial nos ensinava Noções de Comércio e Direito Comercial, falava-se às vezes da periferia da cidade.

Nessas aulas, que eram constituídas por “chamadas”, diálogos valorizados sobre os conhecimentos de matérias já dadas, sim, porque o Uva era único, ensinava questionando/chamando, depois de ver o caderno em dia, claro – o velho era lixado – então diga lá qual é a melhor espécie de depósitos no Banco... será à Ordem, a Prazo... com Aviso Prévio.. e a aluno... é com Aviso Prévio senhor Dr,... ai é, então não será à Ordem sua besta.... o senhor quer... tem.

As aulas do Uva eram mais ou menos assim.

Quero deixar aqui claro que, referir-me ao Dr. Uva, tratando-o por , o velho ou o Uva, não belisca nada a grande personalidade de educador que possuía o nosso Dr. José de Sousa Uva.

Sim, porque o Uva faz parte do nosso património cultural e não o cedemos a ninguém. E tenho a certeza, que todos os seus alunos o trazem no coração.

Por isso, nem eu estaria disponível para ser mal educado aqui, ao tratar o Dr. Uva por o velho ou por o Uva, nem os meus colegas de antes e depois de mim o tolerariam.

Nesta crónica será o velho ou o Uva, com todo o respeito, consideração e amizade.

Um dia foi chamado à lição o Lourinho (falecido recentemente), que é do Patacão. Cumpridas as formalidades, que se resumia a ver o caderno diário, então mostre lá o caderno, dizia o velho que entretanto perguntava ao aluno, então diga lá, o senhor é de aonde?... eu senhor Dr., sou do Patacão... ah!... essa zona das hortas, que vai do Patacão, passa pela Conceição de Faro e chega ao Rio Seco, isso é uma grande zona de hortas, é uma área de grande contributo para a economia do País.
E o Uva, dissertava.
O senhor já imaginou o emprego que essa zona cria, o emprego que dá aos alentejanos, que descem no Verão até ao litoral, desde que apareceu a máquina debulhadora, que agora faz o trabalho de vinte alentejanos, as culturas que produzem, nomeadamente, milho, batatas, algum trigo, centeio, luzernas e trevos para os gados, repolhos cujas podas se vão buscar à Luz de Tavira, para de seguida serem dispostas nesses terrenos, culturas de couve flor, rábanos, e rabanetes, nabos e nabiças, alfaces e os grandes pomares de laranjeiras que há nessas hortas, uma pequena criação de gado bovino e suíno, este de importância fundamental na subsistência dos habitantes da região, que tem no toucinho uma grande parte da sua alimentação, a criação de galináceos, patos, gansos, perus e coelhos, é isto que constitui a riqueza de uma região ou de um povo, o senhor sabia disto, sim senhor Dr, sabia e, curiosamente, a Sociedade Recreativa do sítio até se chama Sociedade Recreativa Agrícola do Patacão, ora aí está, agrícola .... a basesinha... dizia o velho.

É a isto que se chama Economia, o senhor sabe o que isso é, sim senhor Dr, sabia sim, Economia é o estudo do processo de produção, distribuição, circulação e consumo dos bens e serviços que constituem a riqueza de uma região. Muito bem, está terminada a aula.

E levou 12 valores que para o velho Uva era para aí um 19 para qualquer outro.

Já agora, dizer que hoje, as hortas do Patacão e outras, desapareceram. A cidade estendeu-se e precisou de terreno A primeira a desaparecer, foi a horta das Figuras que tinha três engenhos, para uma grande área de regadio. Eram terrenos de areia, ressequidos, que consumiam muita água nos Verões daquela altura, bastante quentes...

Texto de
João Brito Sousa

QUEM SE LEMBRA DELE?

(neste espaço, antig mente, era para as práticas da Mocidade. O Henrique era graduado)

HENRIQUE QUINTA NOVA

Foi um excelente aluno. Tinha presença e discutia tudo. Adorava discussões sobre cinema. Sobretudo Fellini sete e meio e coisas assim.

Foi meu colga de turma na Secção Preparatória onde era colega de carteira do Elói.

Tinha uma postura engraçada e era um bom colega.

Era um homem da Mocidade Portuguesa e da Milícia. Tinha voz de comando e era um militar puro. Fez o CURSO DE OFICIAS em ÁGUEDA, com sucesso. Creio que era Tenente quando faleceu.

A sua coroa de glória foi quando colocou aquela dúvida ao Dr. Uva. No fim da aula do UVA, não sei bem como foi, o QUINTA NOVA disse para o professor. Senhor Dr. tenho aqui uma duvida?

Foi o diabo. O Romualdo Cavaco estava lá, ele que conte outra vez.
Porque tem piada.
Muita.
Texto de
João brito Sousa

PEQUENA HOMENAGEM AOS COSTELETAS XENCORA, ROLDÃO e BRITO


Aos professores de Mercadorias, XENCORA e ROLDÃO e ao aluno costeleta BRITO

“Fui eu que pus a bomba de cinco tostões na aula do Xencora..”

Este texto é dedicado ao costeleta Brito, que faleceu recentemente, tinha uma gasolineira na estrada de Santa Bárbara de Nexe, ali à Falfosa e que esteve emigrado na Venezuela....

Foi ele que me disse, num almoço em VILAMOURA, com uns modos vitoriosos:- Fui eu que pus a bomba na aula do Xencora.

Nunca fui aluno do Dr. Xencora Ramachondré, mas creio que leccionava a disciplina de Matérias Primas.

É que o meu professor dessa matéria chegou a meio do ano, se bem me lembro, era um homem pesado e de cor, Roldão de seu nome. O Dr. Roldão portanto.

O Dr. Roldão tinha um método de ensino tal, que já não me lembro qual era, mas aquilo dava sempre para cima de quinze...

Fui dos primeiros a ser chamado à lição e lá veio o quinze da ordem.

Houve dezoitos dezassetes e desaseis com o Dr. Roldão, que terminou a sua carreira profissional na Caixa Geral de Depósitos em Lisboa, onde foi colega do costeleta Ilídio de Vila Real de Santo António.

As melhores notas da turma foram para o Ezequiel Viegas e para o Zé Marcelino.

Como o costeleta Brito, também os Drs. Roldão e Xencora , já faleceram.. .

Coisas da vida.

E por uns momentos nos lembramos deles aqui.

Aos costeletas nunca se diz não.

Paz às suas almas.

Texto de
João brito Sousa