quinta-feira, 27 de março de 2008

WHERE THE COSTELETAS ARE


Where the boys are é o nome de um filme.

Where the costeletas are é título da minha crónica de hoje..

Where the ZACARIAS are é o que vamos saber.


O ZACARIAS, era um funcionário da tasca da esquina, ao pé da estação, onde o patrão tinha mesmo cara de mau e devia de lixá-lo ou dar-lhe cabo da cabeça...

Quando eu estava hospedado na Rua Ventura Coelho, para ir para a Escola vinha à Av. da República e passava pela tasca do Zacarias.

O Zac era um homem meigo e triste também, resignado à sua condição de fachineiro e homem das limpezas, em cuja face se via apenas o branco dos olhos no conjunto da sua fisionomia.

Tinha um ar distante nessa primeira vez que o vi. Talvez estivesse a falar com Deus e a pedir-lhe que o levasse de novo para a roça.

Encostado ao balcão e á vassoura, o preto Zac inspirava simpatia. Fiquei amigo do Zac e, sem ele saber que era seu amigo, todos os dias passava pela tasca e olhava para ele.

E parecia-me que continuava a falar com Deus

E estava eu ainda nesta de digerir a ausência do Zacarias, lá ao pé da oficina da estação, portanto, quando me cruzo com um preto (o termo não é aqui usado pejorativamente), tal e qual o Zacarias.

Fiquei feliz e disse .eih... Zac... o cavalheiro virou-se para trás e ... olhou .. nada disse e bateu a asa.

Fui andando.

Daí a pouco, estava a passar junto da antiga residência do Xico Zambujal, do Mário Zambujal, da Lurdinhas Zambujal e da Fatinha Zambujal, que foi minha colega de curso no Magistério e que casou com o bancário no BNU em Coimbra, costeleta, advogado e poeta, natural de Santa Clara de Sabóia, creio, o Dr. Manuel Inácio da Costa, que era visita da casa da Natércia quando eu estava lá hospedado.

Estava eu rememorando a imagem do Sr. Gordillo, o Pai dos Zambujal, virado para o casario, quando sinto uma palmada nas costas, virei-me.. era o Zacarias, não o preto que eu procurava, mas o do Alpino, costeleta do Sítio da Areia, do tempo do Januário da Conceição de Faro, do Vinebaldo Charneca de Pechão, do Víctor Venâncio, do Zé Emiliano e do Alberto Rocha, do Bernardo Estanco, do Zé Elias do Chelote, do Leonel de Boliqueime, do Víctor Carromba, do Bartolomeu Caetano e de tantos outros.

Disse-lhe o que estava a fazer ali.

E ele, logo: - Olha lá, tu conheces aquela redacção que o Mário Zambujal fez, a «MANHÃ de AULAS»? ...

Não, disse eu

Então, toma lá e publica.

Agradeci..

E por achar o texto muito giro... aí vai.


“Oito horas! Estremunhado, amaldiçoei ”in mente” o renegado que inventou os relógios monologando um raivoso colérico –“Bandido!”.

Esfreguei os olhos com força e comecei a cantar esganiçadamente as primeiras notas de uma canção em voga, para fazer fugir o sono.

Deitei um olhar ao relógio ! Malvado! Lá estava ele naquele eterno tic-tac, monótono e irritante, que me estragava os nervos e me estragava as manhãs! Malvado!

.- Atchim! Olá, decididamente estava a constipar-me! Brr... que frio! Maldito tempo!
Vagarosamente enfiei uma meia; tornei a descalçá-la com um berro de desespero. Estava do avesso. Com uma paciência evangélica calcei-me e vesti-me. Atchim! Lindo tempo não havia dúvida...

Olhei aterrorizado a água gelada que brotava da torneira, caindo caudalosamente sobre a alvura láctea da bacia.

Depois, num rompante de coragem, meti a cabeça debaixo da torneira! Atchim! Atchim! Brrr...

Acabei à pressa a ”toilette”, engoli dum trago o pequeno almoço, enrolei um “cache-col” en volta do pescoço; escondi o físico dentro da gabardina, atirei um punhado de livros para dentro da pasta – tudo isto feito num instante - e saí pela aporta fora como um furacão.

Oito e quarenta! Dentro de momentos o toque irritante da campainha, far-me-ia subir a quatro e quatro a nua escadaria de lajes escorregadias.

Mau! Grossas pingas começavam a cair do céu pardacento. Maldito tempo!

Desatei a fugir pela avenida abaixo, encharcado, ofegante espavorido...

A água batia-me nos olhos, inundava-me a cabeça., fazendo-me correr pela cara abaixo toda a abundante brilhantina que pusera no cabelo..

Maldito tempo! Quem seria o “camelo” que disse que era romântico a chuva bater na cara?- Animal!

Atravessei a galope o Arco da Vila, escorreguei, caí, levantei-me e cheguei finalmente à Escola., terrivelmente encharcado e furioso...

E exausto como estava, só tive forças para monologar mais um “Maldito tempo” carregado de ira sanguinária!

Mas ainda não tinham acabado as terríveis e odiosas surpresas desta manhã infernal! Não, havia ainda outra, mais horrível, mais cruel e espantosa, que tornaria inglórios e inúteis todos os meus sacrifícios desta manhã tão fértil deles!:

Uma voz, a voz inexpressiva e grave de um funcionário dizia-me:- “O menino (menino!) não pode entrar. Tocou já há cinco minutos”...

Desmaiei...

Publicação de
JOÃO BRITO SOUSA

QUEM SE LEMBRA DELE?

(alunas da ESCOLA 64/65)


JORGE VALENTE DOS SANTOS


Não sei porquê, mas para nós ele era o Jorge Barata.

Homem virado para o desporto, sobretudo andebol e baskett.

E também era valente de nome e de serviço para namorar as moças na sua juventude.

Fomos colegas de turma no quinto ano, naquele ano em que por lá apareceu o Dr. Roldão, de Mercadorias e também quando fomos à final do campeonato interno de andebol, com a equipa do Tony Casaca e do Tolentino.

Antes do jogo, a um sábado à tarde, parece-me, fomos eu, que era o guarda redes, o Jorge e a bola para a Alameda, para relaxar e ouvir a prelecção.

Sentámo-nos no banco ao pé do Lago e o Jorge falou: bolas de canto fazes assim, bolas assim fazes assado e por aí por diante.

No fim diz o Jorge: parente João estás em forma?…. Oui, disse eu.

E depois beijámos a bola, à Meirim.

E depois jogámos e perdemos.

Foi aluno da Drª Florinda em Contabilidade e fez uma brilhante carreira na banca comercial, BNU e Banco Borges & I rmão onde atingiu a gerência.

Amigo do seu amigo não o vejo há dezenas de anos.

Era muito próximo do Carlos Manuel Eloy do Totta e do Romualdo Cavaco do BNU e da Cortelha..

Ah.. já me esquecia da LAMBRETTA. O Jorge tinha uma e foi fazer a corrida da volta saloia e caíu uma queda na Calçada de Carriche.

E foi desclassificado… pelo júri

Por mim .. não..

Quem souber onde para o Jorge, é imperioso que o traga ao almoço deste ano.

Aí vai um abração

Texto de
João Brito Sousa

A PROCISSÃO DO SENHOR por Jaime Reis

(café aliança)

Publiquei este artigo do bife Jaime Reis, como comentário ao meu texto “A PROCISSÃO DO SENHOR MORTO”.

A malta gostou tanto, que entendi ser de toda a justiça colocá-lo como post.

Porque é muito engraçado e vale a pena ler e rir também..

Aí vai:

AZEITÃO, 2008.03.22


A Precissão do Senhor MorteTava a ficar empachade por nã poder ir a Fare desta altura das endoenças

Aprevete sempre pra recordar tudo o cavia conde era môsse.Mas nam pude ir e fequei meme desagorçoade.

Mas cande lese o que tu escreves, sente-se cá um arrepie da espinha, e um gaje arrecua uma data danes, e começa a lembrase daquilo que já nam salembrava .Assim já na fequei tam xaringade

Moss Brite, há gajes, que cande escrevem só letras, letras e figuras denhumas, a gente é só bocejes, e nam acha graça denhuma daquile.

Mas tu meme sem figuras lê-se tude sem parar, Mó, comé que nam tesqueceste do nome da malta toda.

E do nome dos padres e tude.Lembras-te do cmandante da plicia., e dos otres gages fines quiam da precissão?

Cande era moce, desta noite do senhor morte, moss aquile era calquer coisa cagente sentia que só dava pra fecar segado.

Tude parade, parade do passei, a olhar com respete.Bichas e bichas de gente, tude de tocha com luzinhas da mão.

Velas das grandes muitas de metre, tude aceze, era das premessas, cande tavam daflição. Metia respete.

Cum camandro tamem ainda nã te desqueceste cagente engraxava os sapates em casa. Era meme assim.

E vestiase a ropa do demingue, e punha-se brilhantina come cande a gente ia ó balhe.Tamem marrepiava do balhe cande era a musica do bole, e um gaje sem denhere, fugia fugia ca moça candava a dançar, pra nam ser apanhade po gaje dos boles. Arrecordaste?Na Precisão as moças quiam das bichas com as luzinhas, só olhavem em frente.

Os sminaristas todos de prete.

E os anjinhes de asas todes de branqueE os cavales da guarda cás vezes esgorregavam do chão ?

Poça, da Rua de Sante Antoine.o chão até zulia., era false, esgorgava.Parcia conde tava da vasante e a malta ia ao cangrje e tamem escorgava do lode.Bem. Cá tô sempre arrgaçade pra ler o que amandas no coise do. do … daquile que escrevem da malta dos costletas.Abraces pra malta do nosse tempe.

Bifes e Costletas.

Jaime Reis

PUBLICADO POR
João Brito Sousa

UMA HISTÓRIA DE AMOR DE UM COSTELETA


A HISTÓRIA DE AMOR DUM COSTELETA

Isto são passagens do tempo de tropa...tanto eu como o RA tínhamos sido colocados nos Açores antes de partirmos para o Ultramar, ele como oficial miliciano e eu com sargento miliciano...ele acabou indo para a GUINÉ em rendição individual e eu agregado a uma companhia de infantaria de açoreanos...

O amor aconteceu meses antes da partida.... eu e o RA seguimos esse tempo de tropa paralelamente...desde Tavira a Lisboa, embora em especialidades e classes diferentes.

Ainda hoje grandes amigos...

......Aquilo em Ponta Delgada eram umas professorinhas primárias que eram nossas amigas....e, como qualquer açoriano nos anos 60, só tinham um sonho....chegar ao continente.....e nós, sacanas no bom sentido tirávamos partido disso...ao de leve como naquele tempo era....ao ponto que passados 14 anos eu fui mostrar os ACORES à minha mulher e, onde passávamos o tempo.....havia um café muito "in" chamado "O GIL", na baixa da cidade...e, lá fomos...estávamos sentados, eu e minha mulher, quando veio uma menina ai' dos seus 8,9 aninhos, dirigiu-se a mim e diz-me:- O senhor e' o senhor DI é que a minha mãe que está ali com o meu pai e conhece-o.

Olhei e reconheci a senhora... tinha sido a apaixonada do RA....Levantei-me cumprimentei o casal, acabamos sentados com eles na mesma mesa...e, claro depois tive que dar explicações a' borla...que só o malandro do Ra é que teve sorte de se apaixonar....eu nicles! O que assim tinha sido em realidade

Eu ainda creio que ela não me acredita mas foi verdade!..
Um abraço... velho...até amanha


PUBLICAÇÃO DE

João Brito Sousa