terça-feira, 23 de setembro de 2008

UM CONTO DA COSTELETA MARIA ROMANA ROSA

Maria Romana Rosa

UMA AVENTURA NO DESCO­NHECIDO


Conta-se que, uma poetisa, de nome Maria, costumava frequentar tertúlias, que se realizavam em luga­res públicos, vários dias, na sema­na ... Dizia ela, que tinha interesse em conhecer o vasto mundo da Literatu­ra Portuguesa e a possibilidade de saber algo sobre a Estrangeira.
Foi numa dessas reuniões que Maria teve conhecimento de um Concurso Literário, em homenagem ao prestigiado Médico, Jomalista, Escritor e Poeta, Transmontano, Homem multifacetado de grande talento, João Araújo Correia.
O tema era aliciante - A Lín­gua Portuguesa -. Maria ficara entu­siasmada e, logo, pensou em concor­rer. A inspiração surgia e o poema nascia. Depois de cumpridos os requisitos obrigatórios, enviou-o imediatamente, pois, o prazo estava mesmo a terminar.
Decorriam meses, sem nada se saber do resultado. Tudo levava a crer qu~ ela não tivesse sido distinguida, por isso, deixou de pensar no assunto.
Certo dia, recebeu uma carta da Directora do Concurso, em que lhe dizia ter sido premiada e que contava com ela na cerimónia de entrega de prémios aos poetas distin­guidos.
Quando Maria recebeu esta agradável notícia, a sua primeira reacção foi de muita alegria, não cabia em si de contente. Mas, passa­dos alguns dias esmorecera, por pen­sar que a viagem era longa e não iria aguentar tantas horas, até chegar ao Peso da Régua. Telefonou à senhora Directora para lhe pedir desculpas por não sentir coragem em se deslocar até lá. A senhora respondeu que não aceitava a justificação pois já tinha reservado um quarto de casal, no Hotel Régua Douro e que deve­ria ir para conhecer aquela linda Região.
Assim aconteceu. Maria e Car­los, seu marido, concordaram em fazer a viagem. No dia da partida, levantaram-se muito cedo, pois o primeiro comboio saía de Faro às 7:00 horas. Mas, com receio de che­garem atrasados, chamaram um táxi. Coisa estranha, não havia nenhum disponível Aflitos, pegaram na bagagem e a pé, lá foram a toda a pressa. No caminho, encontraram um amigo, que tinha o carro ali por perto e os levou imediatamente à estação. Logo, a seguir, ouviu-se o sinal de partida ... A viagem, até ao Barreira, foi animada. Junto deles, iam umas pessoas que contavam as mais diversas estórias ...
Quando chegaram à estação fluvial do Barreira, correram para apanhar o barco, que atravessava o rio Tejo e os levaria à estação do Terreiro do Paço - Lisboa. Dali, seguiriam num táxi, para Santa Apolónia. O Pendular, comboio de alta velocidade, só partiria às 14,00 horas, por isso, tinham tempo de almoçar num restaurante, próximo da estação ...
Já em viagem, no comboio que os levaria à cidade do Porto, iam apreciando, através das enor­mes janelas, a belíssima paisagem. Lá estava o poético Mondego, ­Coimbra à vista e, por aí fora. Che­garam à tardinha, à estação de São Bento. O sol, ainda iluminava a terra. Desceram do Pendular e fo­ram consultar o quadro electrónico, que indicava o comboio que os levaria a Peso da Régua. Subiram uma escadaria e, na parte de cima, viram uma locomotiva, com muitas carruagens, estacionada numa linha, bem juntinha à margem direita do Douro. Aí, o sol reflectia nas suas águas, dando a impressão de que a luz solar, vinha de baixo, para cima. Que panorama invulgar!..
O comboio estava, completa­mente vazio. Repentinamente, co­mo, num abrir e fechar de olhos, a gare apinha­va de gente. A dada altu­ra, Maria perguntava a um funcionário donde vinha, tantos grupos de jovens. Ele respondera que, a maior parte, eram estudantes, que frequen­tavam as Faculdades na cidade do Porto e, como era sexta--feira, iam pas­sar o fim-de-semana com os familiares
De repente, ouve-se o silvo e toda a gente tomou os seus lugares.
O mal-encarado comboio parava em todos os apeadeiros, sempre "a passo de boi", como se costuma dizer. Os bancos eram muito anti­gos, em madeira e já não havia posição para aliviar o corpo. Foram mais de duas horas, naquele martí­rio ...
A viagem, graças a Deus, estava a chegar ao fim. Maria pedi­ra a uma jovem que estava a seu lado que a informasse como conse­guiria um táxi, para os levar ao Hotel Régua Douro. A rapariga disse-lhe que não era preciso, bas­tava atravessar a rua que ficava à saída da primeira estação e logo avistariam o letreiro luminoso do hotel.
Seguindo aquelas instruções, apresentaram-se na recepção e informaram o funcionário, que tinham um quarto reservado pela Sra. Doutora Maria Fernandes.
Tudo estava certo. Em segui­da, Maria telefonou à senhora para lhe agradecer e dizer que tinham chegado bem. Ela pediu-lhes des­culpa, por não poder estar à espera deles, dada a hora já tardia mas, logo de manhã, estaria no hotel para os conhecer, cumprimentar e trocarem algumas palavras. E assim aconteceu. No outro dia, bem cedo, ainda o casal não tinha ido tomar o pequeno almoço, por ter estado a contemplar, da janela do quarto, o Douro e o Sol a beijar, com certa doçura, as suas águas, quando ouviram o telefone. Era da recepção a avisá-los que a Doutora e sua irmã estavam esperando por eles. Logo desceram para receber as simpáticas senhoras. Elas ti­nham-lhes preparado uma grande surpresa. Contrataram um taxista para os levar a conhecer Lamego e ver a Nossa Senhora dos Remédios, no seu trono. E a enorme escadaria de acesso, rodeada de bonita vege­tação. De regresso à Régua, avista­ram São Martinho da Anta, terra natal do ilustre poeta Miguel Tor­ga. Presenciaram, a cada passo. vinhas bem cuidadas e o Douro a circundar todo o percurso.
Chegaram ao hotel a hora de ser servido o almoço.
Lá estavam junto à recepção os poetas e muitos convidados. Todos se cumprimentavam e se apre­sentavam uns aos outros. Dali, foram encaminhados para a grande sala de refeições, com vista para o Rio Dou­ro. O cenário era deslumbrante, dava a impressão de algo irreal, só visto em sonho. Um verdadeiro paraíso.
O almoço foi servido, com pom­pa e circunstância. Havia em cada mesa um grupo de poetas e, uma representante da Associação Cultural da Casa do Alto Douro. A ementa, como não podia deixar de ser, foi inspirada na gastronomia transmon­tana. À sobremesa foram servidos os doces e o vinho do Porto, da Região demarcada da Régua, não foi esque­cido. Por fim, a Directora do concur­so, dirigiu palavras de apreço a todos os presentes e lembrou que se aproximava a hora de se dirigirem para a Câmara Municipal, onde iria decor­rer a cerimónia da entrega de prémios e lidos os textos distinguidos. As principais individualidades da cidade estavam presentes. Voltando a falar dos premiados, Maria recebe­ra das mãos da senhora Directora do Concurso, Doutora Maria Adelaide Fernandes, a Obra Literária de João Araújo Correia, uma travessa em porcelana, pintada á mão, o respecti­vo diploma e uma embalagem de três garrafas de vinho do Porto ­reserva. Por fim, foi servido um Por­to de honra a todos os presentes. A tarde declinava e o casal que tinha pensado em regressar ao Algarve só no outro dia, mudava de ideia quan­do, um poeta amigo, Engenheiro Domingos Cardoso, que vive em Ílhavo, lhes ofereceu boleia até Avei­ro. A Directora tinha-os convidado a ficar, para conhecerem as quintinhas, onde se faziam bons churrascos. Eles agradeceram muito toda a simpatia daquela especial senhora, dizendo que se Deus qui­sesse, ficaria para uma outra ocasião. Depois despediram-se com um gran­de abraço.
Chegados à estação de Aveiro, o casal ficou encantado ao ver os belíssimos azulejos, em tons de azul, formando painéis, com motivos diversos, da Região de Aveiro ...
A viagem de comboio, até Santa Apolónia, foi muito cansativa. Ao descerem na estação dirigiram-se a um taxista e pediram para que os levasse a um hotel ou mesmo, a uma residencial, com condições dignas, para pernoitarem. Mas, infelizmente, dada a hora bastante adiantada, nin­guém abria as portas, nem sequer atendiam. Agora onde iriam passar o resto da noite, no meio daquele mal­-estar? Pediram ao taxista que os dei­xasse perto da Rua Augusta. E, a pé, encaminhavam-se para a estação do Terreiro do Paço, Àquela hora, as cenas encontradas eram bem tristes! Mulheres encostadas às paredes e homens a rondá-las ... Depois, é que eles se aperceberam dos perigos, em que poderiam ter sido envolvidos.
Ao chegarem á estação fluvial, ouviram o apito do último barco que ia para o Barreiro.
Numa corrida, ainda consegui­ram alcançá-lo. Já na estação, per­guntaram onde poderiam dormir, se haveria algo por ali. O chefe da esta­ção disse-lhes que àquela hora, não havia qualquer hipótese mas, para que não ficassem ao relento, pois a noite estava muito fria, aconselhara­-os a ficarem na sala de espera, com a porta fechada e, de manhã, havia logo um comboio para Faro ás 7:00 horas.
O casal agradeceu a bondade daquele homem. Mas, outro episódio estava iminente. Como foi dito, a noi­te estava muito fria, porque estáva­mos em Fevereiro. Os bancos eram de latão, e sem condições nenhumas, e eles tentavam encontrar, mesmo às escuras, camisolas ou outro ves­tuário para se agasalharem mas, por pouca sorte, encalharam numa cai­xa onde vinham as garrafas de vinho do Porto, uma delas tombou e partiu-se. O vinho espalhou-se pelo chão e já ia a correr junto à porta da rua, mas, com uma cami­sola, ensoparam todo o líquido. Depois meteram tudo dentro de um saco de plástico. Borrifaram o chão com algumas gotas de água-de­ colónia, para disfarçar o cheiro do vinho. A manhã começava a raiar e o movimento nas linhas-férreas, era uma constante. Abriram a porta e foram á procura dos sanitários. O único que existia estava fechado. Dirigiram-se então. a um bar, dentro da própria estação pois, não tinham outra alternativa e logo, aproveitaram a tomar o pequeno­ almoço. entretanto, chegava a hora do embarque. O comboio estava na primeira linha. Através do altifalante, anunciavam a partida para o Algarve. Agora, sim, diziam eles, já mais tran­quilos. A odisseia estava prestes a terminar, mas o regresso a Faro pare­cia não ter fim! Chegados a casa. Tomaram um duche e atiraram-se para cima da cama e só acordaram no outro dia, tal era o cansaço.
Passaram alguns anos, nunca mais voltaram à Régua, mas o contacto com a Dra. Maria Adelaide Fernandes continuou por carta ou por telefone.
Apesar da grande aventura no desconhecido, dizem eles, ter saudades de tudo por que passaram, ao longo da grande viagem... Do Algarve ao Peso da Régua


UM POEMA da Maria Romana:

MAGIA DO POETA


O mundo do poeta tem magia
E há nele uma candeia sempre acesa;
A chama bem ardente, que alumia,
É arte rendilhada de beleza!

Ele é por excelência uma alvorada
- A dádiva tamanha, tão suprema –
É essa luz suave, delicada,
Que exprime o colorido de um poema

Poeta é, sim, aquele que imagina
Um cenário distinto, uma pintura;
A força da mensagem predomina
E a música de fundo se mistura!

Há nele um santuário a palpitar
- A excelsa inspiração por natureza! –
Qual astro especial a cintilar
Ele é a própria Musa, ele é grandeza!


Maria Romana Rosa


Recebido por Rogério Coelho

ANTÓNIO LOBO ANTUNES EM DEBATE


FRASES DE LOBO ANTUNES PARA DEBATE.

“... Entendo tão pouco da vida e o pouco que entendo chegou, é claro, demasiado tarde, quando de pouco me serve. Deviam ter-me dado um folheto de instruções quando nasci, no género dos que acompanham as embalagens de medicamentos: indicações, contra-indicações, posologia, advertências, efeitos secundários. E em certos dias da semana, certos momentos, certas pessoas só podiam ser usados com receita médica.
L. Antunes na visão de 27.04.05, pag 7.

“...tive que enterrar grandes valores para sobreviver. Foi difícil e talvez indigno mas não encontrei outra saída. Uma hipótese era a de aceitar a mentira e conviver com ela; outra era não pactuar. E as duas hipóteses eram particularmente dolorosas.. Entendo tão pouco de amor...”

È PRECISO ESTUDAR ANTÓNIO LOBO ANTUNES.

É um romancista português, nascido em Lisboa no dia 1 de Setembro de 1942 e proveniente de uma família da grande burguesia portuguesa. Licenciou-se em Medicina com especialização em Psiquiatria. Exerceu a profissão no Hospital Miguel Bombarda em Lisboa, dedicando-se desde 1985 exclusivamente à escrita.

A.L.Antunes é, decididamente um autor que exige muito de nós e que nos coloca problemas de nada fácil resolução. É ele que diz que começa a trabalhar às catorze e vai até às vinte e duas (respeitando as horas das refeições, obviamente), mas que às vezes tem de ir até ao hospital ver pessoas.... para não dar em maluco...

Como é que se pode classificar um homem que diz de si próprio o que vem no parágrafo anterior e o que vem nas frases seguintes?:

“.. Entendo tão pouco da vida e o pouco que entendo chegou, é claro, demasiado tarde, quando de pouco me serve. Deviam ter-me dado um folheto de instruções quando nasci, no género dos que acompanham as embalagens de medicamentos: indicações, contra-indicações, posologia, advertências, efeitos secundários. E em certos dias da semana, certos momentos, certas pessoas só podiam ser usados com receita médica. ...

“...tive que enterrar grandes valores para sobreviver. Foi difícil e talvez indigno mas não encontrei outra saída. Uma hipótese era a de aceitar a mentira e conviver com ela; outra era não pactuar. E as duas hipóteses eram particularmente dolorosas.. Entendo tão pouco de amor...”

Será LA um génio, um céptico, um excêntrico, um detentor de uma inteligência fora do normal, será que tem razão no que diz, será que para desfrutarmos da vida necessitaríamos de um folheto de instruções?...

Afinal, o que e que tem para nos dar Lobo Antunes?

João Brito Sousa

QUEM NÃO SE LEMBRA DELE?


QUEM NÃO SE LEMBRA DELE ?...

POMPÍLIO ROMBINHA

Foi um grande atleta e representou a equipa de andebol da Escola. Fez parte de uma equipa de luxo, com o João Bica à baliza e foram campeões.

Academicamente è da turma do Diogo Costa Sousa da Senhora da Saúde, do Florival da Goldra, do Álvaro Paulino Revés da Mina de S. Domingos, do llídio de Vila Real, do Bento e do Manuel Silvestre de Santa Bárbara de Nexe, do Miguel Damasceno, do Zé e do Xico Gabadinho do BateCú, do Artur do Alto Rhodes, do Fernando Oliveira, do Maçarico de Faro, do Pena Santos de Olhão, do Manuel Lima de Salir e de mitos outros.

Fez o serviço militar na aviação e, como eu, foi funcionário dos TAP.

Foi sempre um rapaz correcto e um bom colega.

Jogou Hockey em Campo no Largo hoje ocupado pelo Hotel Eva, com o Chupa, o José João Bico e outros.

Fez vela com o Quica e o Nelson no mar da estação .

Foi ao almoço dos costeletas este ano em VilaMoura, em Junho e levou com ele os costeletas Matos, filho do poeta Raul de Matos e também o José Manuel Bruxo.

Foi convidado para colaborador do costeleta e ainda não disse nada.

É isto o que sei deste velho amigo a quem envio um abraço..

João Brito Sousa