sexta-feira, 24 de junho de 2011

CANTINHO DOS MARAFADOS


Balcão de atendimento da
companhia aérea GOL

Um dos voos da companhia, por motivos de segurança, foi cancelado.
Como é normal nestas circunstâncias estabeleceu-se uma enorme confusão e todos os passageiros foram para o balcão de atendimento da companhia no aeroporto, tentando saber como seria superado o transtorno tendo-se formado a inevitável fila.
Uma atenciosa funcionária tentava simpaticamente informar e resolver todos os casos da forma possível, atendendo caso a caso pela ordem da fila espontânea.
Eis senão quando alguém resolve ignorar a ordem e ultrapassa toda a gente exigindo atendimento imediato e trava-se o seguinte diálogo entre o apressado passageiro e a funcionária:
- Desculpe mas o senhor terá que aguardar a sua vez e eu terei muito prazer em ajudar a resolver o seu problema, disse a funcionária.
- Ao que o passageiro retrucou: - mas eu tenho que viajar imediatamente.
- A funcionária responde, eu compreendo, mas terá que aguardar a sua vez.
- Mas você sabe quem eu sou?
- Sem responder ao passageiro mas já cansada dos modos agressivos e petulantes do provável “personagem importante”, liga o som e ouve-se ecoando por todo o aeroporto.
- Encontra-se no balcão da GOL um senhor que se perdeu da família e não sabe quem é. Se alguém tiver alguma informação que o possa ajudar queira dirigir-se a este balcão.
Furioso o sujeito debruça-se sobre o balcão e diz-lhe a meia voz “ vou f---- te.
Ao que a funcionária retrucou:
Lamento informá-lo senhor mas mesmo para isso, terá que ir para a fila.
Como o som continuava ligado esta última parte do diálogo ecoou por todo o saguão do aeroporto.

Este episódio chega ao meu conhecimento como verídico, embora eu tenha algumas reservas, porque não sendo impossível, a funcionária teria que os “ter no sítio”.

António Viegas Palmeiro


MARCHAS POPULARES EM FARO


Na próxima sexta-feira (hoje) contamos com a Vossa presença no regresso das Marchas Populares na Baixa de Faro. É no Largo da Pontinha pelas 21h30. Não faltem e divulguem.
Viva o São João.

Alexandra Rodrigues Gonçalves

Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Faro


Poema da Paixão Assolapada
(cozinhado em lume brando)


O mê amor dêxa-me sózinha na praia,
vai p´ró campo.Ê fique saudosa e triste.
Peço-lhe que fique comigo e nâ vaia,
e más têmoso qúm burro, nâ desiste.


Q´ridinha, diz-me com aquele ar traquino:
nâ mo pessas, qísso nâ faço; nem que me mates.
E depois, quem me rega o pepino
e me cata o piolho dos tomates?


Òh amorzinho, mas aqui podes abanhar,
podes ir à ameijoa e ao berbigão.
E depois estás á mão, para apagar
o incêndio desta minha grande paixão.


Vou já buscar a hortaliça e o marisco.
Já me convenceste, minha magana;
mas primeiro vais fazer-me um petisco,
e vai ser uma valente cataplana.


José Elias Moreno
Quarteira,24/Jun/2009

Recebido e colocado por Rogério Coelho em 24/Jun2011

UM ABRAÇO A CASIMIRO

Bom dia.

Estive no lançamento do livro Amar a Vida Inteira , do Casimiro de Brito:
embora autónomo(como é e não é um planeta ou um grão de areia) é o terceiro volume do LIVRO DAS QUEDAS, poema em que trabalharei no resto dos meus dias
O salão de segundo piso da Casa Fernando Pessoa estava repleto, e a presença do Professor Eduardo Lourenço entre a assistência ,não se pode dizer que fosse discreta.
A assistência de um modo geral, e o homenageado em particular sentiam-se honrados com tão ilustre presença.
Muito solicitado pelos circunstantes, especialmente do sexo feminino, o autor exalava o seu charme, e a cada autógrafo correspondia com um petit mot e um abraço, um repenicado beijo ou um passou bem, consoante o sexo , o grau de amizade ou o tipo do feliz admirador da obra e da pessoa.
Quanto a mim, o que tencinava ser um Abraço ficou-se por dois vigorosos apertos de mão; um à chegada, ainda o poeta se interrogava interiormente "dondediaboékeuconheçoestegajo", e outro quando lhe estendi o meu exemplar da sua Obra para autografar: É pá, agora é que é pior, diz-me lá o teu nome, porque tenho a impressão que o Alzahimer anda a querer-me lixar.
A apresentação do livro, feita por João Barrento, foi quase exaustiva, lida de uma "cábula", mas revelando profundo conhecimento da obra e do Autor, o que veio talvez fazer despontar algumas curiosidades, e abrir apetites a um maior conhecimento da Obra de Casimiro de Brito, como um dos mais premiados Poetas, ensaístas e escritores contemporâneos..
Seguiu-se a leitura de alguns poemas inseridos neste volume, feita alternadamente pelo autor e por sua filha a artista Silvia Brito, numa atmosfera de grande cumplicidade e descontração.
A poesia de Casimiro de Brito, nem sempre me é de fácil e rápida assimilação. Fiz bem em ter estado na Casa Fernando Pessoa a revisitar Casimiro, pois a resposta que nos deu a algumas "provocações" que lhe fizemos, durante o tempo de bate papo, ajudaram-me a conhece-lo melhor. A quem lhe perguntou, porquê a fusão aos Clássicos Gregos ele respondeu com uma autêntica lição de filosofia e demonstrou a importância que tiveram esses, como os nossos, Gil Vicente e Camões.
Depois interpelado sobre o "enigma" supostamente indecifravel revelado pela construção do poema 78 (pág101): Branco no branco, cantou/Bashô. Despes o vestido,/dispo o teu corpo/A tua sombra na parede /branca. Sorris/Apagas a luz./Sabes que a tela da tua pele/me vai iluminar./Debruças-te no meu peito:/sabes que o teu hálito me vai/acender. Branco/no branco./Derramados/um no outro. Quem é luz?/Quem é sombra?/A cotovia/começa a cantar. Casimiro de Brito falou de um pintor Japonês que, à porta da sua cabana pendurava a sua tela branca, e sobre ela, sem um só traço ou pincelada pintava mentalmente obras inimagináveis em beleza e perfeito equilibrio Zen. Branco no branco. E sobre a arte e poesia japonesas, se proporia a falar muito tempo, se o tempo o permitisse. Uma desajeitada provocação, viria ainda; e a esta o Poeta daria bailarico e corridinho, para satisfação do provocador e dos outros embevecidos assistentes.
Ao ser-lhe perguntado se na realidade Casimiro de Brito era Poeta ou estava Poeta, evocou a sua vivência de serrenho de Loulé, o seu temporão contacto com António Aleixo, que homenageou com a recitação da célebre; Sei que pareço um Ladrão... arrancando largos aplausos. Depois, foi o assumir de que de todas as profissões e ofícios que teve na vida é a Poesia o gerador dos fluidos que mantêm em perfeito equilíbrio o seu estado espiritual e emocional, para amar a família, os amigos e a prória vida.
E não se esqueceu de enviar, agora sim, o tal Abraço para aquela malta Costeleta.
JEM