A lápide estilhaçada
Constitui
a Alameda João de Deus, também designada de “Campo de Flores”, recordando a
insigne obra poética do vate e pedagogo messinense, que é legítimo orgulho de
todos os algarvios (“Que terra onde se nasce é Mãe também…), o mais idílico e
aprazível local de repouso, devaneio, passeio e bem estar da capital sulina.
Tem-no
assim e cumprindo estas valências, a par de muitas outras (desporto, cultura,
recreio, companheirismo, etc.), ao longo de muitas e longas décadas, não
obstante as mutilantes alterações sofridas. Por ali têm passado sucessivas
gerações de gentes de Faro, de modo próprio os jovens estudantes, primeiro de
quando o Liceu João de Deus e até 1947, tinha nas actuais instalações, mais
tarde (1947/48), quando o estabelecimento liceal se mudou para Santo António do
Alto e passou a funcionar, primeiro e com cunho inovador a Escola Técnica
Elementar de Serpa Pinto e posteriormente, a partir de 1952, a “nossa” Escola.
Pela
Alameda João de Deus passaram conhecidas figuras da vida nacional nos campos da
política, da literatura, da ciência e do desporto, recordando-se entre outros
os Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva (actual Presidente da República), Adelino da
Palma Carlos (que foi Primeiro-ministro), António Ramos Rosa, Dr. Mário Lyster
Franco, Mário Zambujal e seu saudoso irmão Francisco (genial caricaturista),
Virgílio Ferreira, Gomes Guerreiro e tantos outros algarvios de nomeada.
Numa
das nossas passagens pela Alameda João de Deus, o que fazemos com alguma
periodicidade nas frequentes idas à Biblioteca Municipal António Ramos Rosa,
onde durante anos funcionou o “mourisco” Matadouro Municipal e dói-nos o
lamentável estado de indesejado abandono ou mau trato em que o “Campo de
Flores” se encontra (que de flores, paradoxalmente, muito poucas o tem),
deparámos com a erigida “placa designativa” (Alameda João de Deus/Poeta e
Educador/1830-18962) estilhaçada em quatro bocados. Não sabemos, nem queremos
formular não provados juízos de opinião se a destruição foi provocada por
factores naturais ou pela maldade humana.
Certo,
mas comprovadamente certo, é que a placa em mármore que à entrada da Rua do
Ferregial identificava a “Alameda João de Deus” está destruída e aos bocados.
Apenas
e só resta ao Município um caminho único: substitui-la!
João Leal
IN Jornal do Algarve