O CAFÉ NÃO FOI ESQUECIDO
POR QUEM CRIOU A EVA?
Entro. Percorro maquinalmente o espaço até ao
balcão. Na minha frente pousa uma chávena de fumegante café, colocado pelas
mãos de uma Eva loura, reparo no seu sorriso com reflexos de centelha
divina. Outras vezes o saboroso néctar negro chega discreto, nas mãos delicadas
de uma morena de corpinho tipo “lombriga”. Um sorriso aberto que resplandece do
metal do aparelho de correcção dental, reflecte-se na cor uniforme do liquido
contido na chávena.
Não consigo decidir de qual das Evas gosto mais. Penso então na felicidade de Adão que não tinha escolha. Agora são tantas e tão atraentes na sua diversidade que apetece ficar com todas. Mas isso não passa de pensamento, apenas pensamento...! Pois se o pensamento é um acto pecaminoso, como será o acto concreto? Condenação para a eternidade ou quase. Será que no paraíso haverá também igualdade no acesso às não sei quantas Evas, para a eternidade? Não me importo se são mil ou se são virgens. Têm é que, com um sorriso de arco iris, saber servir uma boa “bica”.
RC.