segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

CRÓNICA DE FARO



Acuda-se à doca

A doca, à beira cidade plantada, é, ou deveria sê-lo uma das grandes referências urbanísticas e atractivas da capital sulina. Nascida da implantação dos caminhos de ferro, nos finais do século XIX, por via da construção do aterro condicionante das águas da Ria Formosa que vinham até à Ribeira, surgiu como um novo elemento urbano – decorativo, um verdadeiro espelho de água convidativo a admirar não só a sua beleza própria mas esse espectáculo quotidiano do maravilhoso “Pôr do Sol” e desde 1965 a aterragem e descolagem dos aviões que demandam ou despedem-se do vizinho aeroporto internacional.
Nem sempre apresenta o seu melhor aspeto e merecia e devia ter um outro tratamento e limpeza, eliminando indesejáveis e sujos detritos que, não raro apresenta e são uma marca negativa nesta menina linda dos farenses.
As autoridades envolvidas no processo, julgamos nós, pois ainda não conseguimos ter uma ideia definida de quem é responsável ou quem manda no local – município, ex-junta Autónoma dos Portos do Sotavento do Algarve (já desaparecida pelo querer de alguns homens que para isso têm “vara e mando”, Doca pesca ou Administração dos Portos de Sines, Portimão e Faro?, pouco cuidado lhe têm prestado.
Veja-se, razão fundamental e princípio objectivo do que acontece neste tempo em que as paredes amuralhadas da doca estão progressiva e aceleradamente a descascar-se, apresentando já extensas superfícies, de modo próprio na zona mais perto do histórico edifício da Alfândega.
E a seguir às pedras que cobrem as terras limites do lado, como se fora uma das muitas pétalas da sempre bela Ria Formosa, o maior acidente hidrográfico do seu género existente na Europa, vem a derrocada, como já há anos aconteceu, dos terrenos que a delimitam, com todas as nefastas, indesejáveis e imprevistas consequências daí advindas.
Quando em momentos de lazer, deste o excelente “Eme”, uma magnificiente iniciativa do jovem empresário Miguel Luís, nos deliciamos com esta cidade querida, postada ante nós e onde tivemos a dita de nascer, como o povo do qual somos honrosamente partícula diz, “dói-nos o coração e alma”, ante este quadro de derrocada.
Quem acode à doca de Faro?


João Leal